O ministro da Fazenda, Guido Mantega, qualificou a alta como "excepcional", e explicou que ela aconteceu no fim da crise, após a queda de 0,6% registrada em 2009.
"Se considerarmos o PIB a preços de paridade e poder de compra, em conta ainda não oficial, a ser feita pelo FMI ou pelo Banco Mundial, atingimos um PIB de R$ 3,6 trilhões, o que nos coloca em sétimo lugar, superando a França e o Reino Unido", afirmou Mantega em entrevista coletiva em Brasília.
O ministro se apressou em advertir que a economia "não está superaquecida", já que para este ano se espera um crescimento menor, "sustentável", de 4,5 a 5%.
A forte expansão se apoiou no consumo interno do país e, especialmente, na alta de 7% das despesas das famílias, que se beneficiaram do aumento dos salários, a expansão do crédito e o baixo nível de desemprego, que afeta 6,1% da população ativa, segundo dados oficiais.
O investimento em bens de capital aumentou a uma forte taxa de 21,8%, o que "sugere que os empresários brasileiros têm confiança nas perspectivas da economia para este e os próximos anos", segundo comunicado do Banco Central.
Estes dois fatores compensaram a menor contribuição ao PIB por parte do setor externo, que foi negativa (-2,8%) devido à força do real frente ao dólar e à crise que ainda afeta clientes tradicionais do Brasil, como Estados Unidos e Europa.
A fatura das importações disparou no ano para 36,2%, especialmente pelo grande aumento das compras de produtos industrializados, o que contrasta com as exportações do país, que estão lideradas por matérias-primas como minerais, soja e petróleo.
O setor que mais contribuiu para o crescimento econômico de 2010 foi a indústria, que registrou alta de 10,1%, puxada, em boa parte, pela mineração. A Vale, maior produtora de minério de ferro do mundo, triplicou seu lucro em 2010 e registrou um recorde de US$ 17,264 bilhões.
Apesar dos bons números gerais de 2010, a atividade industrial não teve bom resultado, com queda de 0,3% no último trimestre.
"A atividade industrial está estagnada desde o início do segundo trimestre (...) e a alta das taxas de juros vai esfriar ainda mais a economia em um futuro próximo", advertiu a Federação de Indústrias de São Paulo (Fiesp) em comunicado.
O alerta dos industriais ocorreu após o Banco Central anunciar, na última quarta-feira, um aumento da taxa básica de juros (Selic) para 11,75% ao ano, medida que visa frear a inflação.
O governo também anunciou recentemente um plano de corte orçamentário de R$ 50 bilhões para evitar uma alta nos preços, que em 2010 subiram 5,91%.
Na entrevista coletiva desta quinta, Mantega admitiu que a inflação subiu, especialmente nas matérias-primas e no setor de serviços, mas garantiu que ela está "sob controle".
"A boa notícia é que a inflação já está desacelerando. Está sob controle, e o governo está tomando as medidas necessárias", disse.
Brasília, 3 mar (EFE).- O Governo brasileiro prolongará até o final deste ano o Programa de Sustentação do Investimento, criado em 2009 para enfrentar os efeitos da crise e que entrará em uma terceira fase com recursos de R$ 75 bilhões, informou nesta quinta-feira uma fonte oficial.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou que na nova etapa do programa, o Tesouro Nacional concederá um empréstimo de R$ 55 bilhões ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), encarregado de repassar o crédito às empresas favorecidas.
O Tesouro Nacional, além disso, custeará R$ 4,1 bilhões para que o BNDES cobre uma taxa de juros inferior a do mercado aos beneficiados pelos créditos, segundo informações da "Agência Brasil".
Mantega fez o anúncio após comemorar o crescimento de 7,5% da economia brasileira em 2010.
Dos recursos, R$ 1 bilhão serão destinados aos projetos de inovação a cargo da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), vinculada ao Ministério de Ciência e Tecnologia.
O programa foi lançado em julho de 2009 para conter os efeitos da crise mediante o estímulo da produção, aquisição e exportação de bens de capital e inovação tecnológica.
Brasília, 3 mar (EFE).- O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, alertou nesta quinta-feira sobre o risco do "reaquecimento" nos países emergentes para a economia mundial, que pode afetar o processo de recuperação global.
Strauss-Kahn fez nesta quinta-feira uma visita ao Brasil, onde foi recebido pela presidente Dilma Rousseff, e após uma reunião com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que a economia global continua em recuperação, embora em processo não isento de riscos.
Entre eles, citou as incertezas que ainda existem com relação à economia dos Estados Unidos, o impacto da crise líbia nos preços do petróleo, o aumento dos preços dos alimentos e o "reaquecimento" nos países emergentes, que são atualmente o motor da recuperação internacional.
Com relação aos Estados Unidos, reiterou o apoio do FMI à emissão de US$ 600 milhões anunciada pelo Federal Reserve (banco central dos EUA), apesar do seu impacto no mercado de divisas mundial e no comércio internacional.
"Todo o mundo depende do crescimento dos Estados Unidos, pois se a economia americana quebra, arrasta todo o planeta", disse o diretor-gerente do FMI, que apontou que os países afetados pela desvalorização do dólar, como o Brasil, devem combater o fenômeno mediante um aumento da poupança e menores taxas de juros.
Sobre o "reaquecimento" das economias emergentes, citou em forma concreta o caso do Brasil, cujo Governo anunciou nesta quinta-feira que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) foi em 2010 de 7,5%, o que supõe a maior taxa em um quarto de século.
"É um bom exemplo do que está ocorrendo nas economias emergentes", disse Strauss-Kahn sobre o crescimento no Brasil, que durante o ano passado se deu com uma inflação em torno de 6 %.
No entanto, indicou que, no caso do Brasil, se adotaram algumas medidas, como altas das taxas de juros e, sobretudo, um forte corte do gasto público para este ano, que deverão ser "efetivas" e impedir uma excessiva aceleração.
Strauss-Kahn sustentou que as medidas adotadas no Brasil vão na direção correta e ajudam a "dissipar" as dúvidas que puderam ter surgido com relação à maior economia latino-americana.
Em janeiro passado, o FMI tinha divulgado um relatório no qual alertava sobre o risco de uma "deterioração particularmente brusca" das contas públicas brasileiras, que na opinião de Strauss-Kahn "reduzido muito" com os cortes no orçamento nacional para 2011.
"Nesse momento, as medidas fiscais não tinham sido anunciadas", mas agora, embora o FMI ainda não tenha analisado sobre os cortes em detalhe, confia que o Governo de Dilma "levará adiante esse compromisso", indicou.
Fonte: MSN Notícias